sexta-feira, 31 de maio de 2013

Opinião Política - China in África







A China a cada dia aumenta a sua presença na África, que tem como atração: matéria-prima em abundância, indústria local fraca e um mercado inexplorado para os produtos chineses, relembrando a época do colonialismo europeu. O comércio entre a China e a África aumentou de aproximadamente 20 bilhões de dólares em 2000, até 200 bilhões em 2012. O volume de investimentos diretos da China na África chegou a 20 bilhões de dólares no ano passado e o número de empresas chinesas que operam no continente chegou a 2 mil. O petróleo é, de longe, o principal fator de envolvimento chinês no continente. Por isso, Angola, Sudão e Nigéria, os maiores produtores da África, são beneficiados. Este ano Angola chegou a ultrapassar a Arábia Saudita como o principal fornecedor de petróleo da China. Linhas de crédito abertas por Pequim estão sendo usadas para abrir estradas, construir pontes e recuperar ferrovias destruídas pela guerra civil angolana (1975-2002). O Sudão viu a sua economia crescer 11,2% este ano, também graças a China, destino de 64% dos barris extraídos do subsolo sudanês. Na Nigéria, além de fornecer crédito e ajuda técnica para a construção de refinarias e hidrelétricas, o governo chinês está investindo no setor de telecomunicações, com o lançamento de um satélite para transmissão de sinal de celulares. Da África do Sul, a China compra minério de ferro e platina; do Gabão e Camarões madeira; do Congo cobre e cobalto; das nações do centro e do oeste africanos a maior parte de sua produção de algodão. A estratégia chinesa para o continente inclui ajuda humanitária e propostas de negócios irrecusáveis, com preços abaixo do mercado e perdão de dívidas, levando os críticos a falar em concorrência desleal. Muitos países africanos vêem a ofensiva chinesa como uma saída para captar investimentos, uma vez que antes os países africanos sofriam para conseguir verbas e créditos de instituições como o FMI e o Clube de Paris, que exigiam metas que eles não conseguiam cumprir, surgindo assim a China como alternativa viável ao oferecer empréstimos a taxas baixíssimas. Pequim alega que não mistura política com negócios e sua linha não é de intervir nas questões internas dos países. Dessa forma, a China fecha acordos com líderes acusados de violar os direitos humanos e ditadores, como Omar al-Bashir, presidente do Sudão, onde o genocídio em Darfur já matou mais de 200 mil pessoas, despertando pressões por parte dos Estados Unidos e do Ocidente, defensores da democracia. O tamanho do apetite chinês por petróleo e minérios prejudica a diversificação da economia dos países africanos. Nas duas áreas, a criação de empregos é limitada. Sem uma indústria manufatureira e dependente do instável mercado mundial de commodities, o continente desenvolve-se de modo pouco sustentável. Além disso, os contratos que os chineses assinam normalmente não os obriga a transferir tecnologia. Há reclamações de que só é utilizada mão-de-obra chinesa nas obras. Na Zâmbia, empreiteiras da China construíram uma ferrovia de 2 mil quilômetros e reformaram um porto. Terminadas as obras, os chineses partiram sem ensinar técnicos locais, que agora não sabem como fazer a manutenção da ferrovia ou do porto. Muitas parcerias fechadas com a China são marcadas por falta de transparência. A presença chinesa no continente africano desperta temores por parte dos Estados Unidos e do Ocidente, temendo um colonialismo chinês no continente. A China é vista pelos países africanos como um país em desenvolvimento, confiando mais nela do que no Ocidente, devido em parte a seu histórico de exploração, mesmo que alguns de seus negócios sejam questionáveis. Enfim, a China aumenta a sua presença na África a cada dia, aproveitando as brechas deixadas pelo Ocidente, servindo como alternativa para o desenvolvimento do continente africano.