quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Opinião Política - Revolução de Chávez VS Caminho de Capriles





A Venezuela realiza eleições presidenciais nesta semana e tudo indica que o caudilho Hugo Chávez, no poder desde 1998, deve ser reeleito para o seu terceiro mandato de seis anos, mesmo com a união inédita da oposição e sob uma pequena margem de pontos beirando o empate técnico, ameaçando a já despedaçada democracia venezuelana.  O clima do pleito segue quente e intensamente polarizado. Hugo Chávez chegou a falar em guerra civil em caso de derrota e já ameaçou quem ousar reverter as conquistas da sua revolução bolivariana. Nas proximidades de Barinas, um atirador matou três ativistas da oposição em um ato político, levando o governo a anunciar a prisão de três suspeitos.  Hugo Chávez foi diagnosticado há pouco mais de um ano com um tumor na região pélvica, vem exibindo limitações durante a campanha em razão do tratamento ao qual foi submetido e não esbanja mais o mesmo vigor físico que lhe permitia discursar por horas e andar em meio a multidão. Durante seu governo, por um lado, Hugo Chávez reduziu o índice de pobreza da Venezuela de 48% da população em 2002 para 28% em 2010, retirou 30% dos venezuelanos da miséria e alcançou a menor desigualdade de renda da América do Sul. Por outro lado, no entanto, Hugo Chávez abandonou a responsabilidade fiscal para irrigar com verbas públicas seus projetos sociais. Tais iniciativas, chamadas missiones, constituem seu maior trunfo eleitoral. O gasto público subiu 23% em comparação com 2011, as reservas internacionais vêm sendo reduzidas e a petroleira PDVSA repassou U$ 79 bilhões para o governo gastar, o dobro do ano anterior. A dependência do petróleo e o descontrole econômico provocaram inflação de 30%, escassez de dólares para importação, apagões de energia e desabastecimento. E Caracas se tornou uma das capitais mais violentas do mundo. Além disso, o autoritarismo e a destruição da democracia têm sido a marca de seu governo, que chegou inclusive a alterar a Constituição do país. Na Venezuela, o Executivo domina o Legislativo e o Judiciário, vive-se um regime hibrido onde não há mais freios e contrapesos entre os poderes e o Estado é moldado pelos interesses de Chávez. Hugo Chávez pode ainda acionar as milícias bolivarianas recrutadas entre a população desempregada, espalhadas pelo país, leais ao regime e inspiradas nos comitês de defesa do castrismo em Cuba. Henrique Capriles, o candidato da oposição, vem adotando durante a campanha um estilo galanteador e um estilo hiperativo e mostrando todo o seu vigor físico e sua excelente forma física. Henrique Capriles tem prometido mais eficiência, ser o homem novo, fazer um governo conciliador, manter os programas sociais, sabendo que, por um lado, não pode atacá-los e, por outro lado, ao prometer mantê-los presta reconhecimento ao governo. Além disso, tem enfocado a incompetência do governo, que destruiu a PDVSA, desmontou a infraestrutura nacional, gerou inflação e fez a criminalidade disparar. A Venezuela vive um momento tenso e vive sob incertezas acerca de seu futuro em relação a dúvidas ligadas a ser governada por um governo autocrático em seu terceiro mandato e sob um presidente em tratamento ou sob um governo de oposição.