quarta-feira, 4 de julho de 2012

Opinião Política - Oásis no Deserto







Após quase mais de um ano e meio de intensos protestos nas ruas, o Egito finalmente elegeu seu novo presidente. Mohamed Mursi da Irmandade Muçulmana, que derrotou Ahmed Shafiq, ex-primeiro-ministro de Hosni Mubarak e representante do antigo regime, tomou posse, sendo o primeiro presidente islamita e civil do Egito desde que o rei foi deposto, em 1952 pelos militares. Agora vive-se um impasse  político, uma vez que  dias antes do pleito, a Junta Militar que governava o país dissolveu o Parlamento e reduziu os poderes do presidente da República. Os eleitores da Irmandade Muçulmana prometeram fazer novas manifestações nas  ruas até que os poderes do presidente sejam plenamente restabelecidos. Além disso, há incertezas  acerca dos rumos de um governo da Irmandade Muçulmana. Vale lembrar que a Irmandade  Muçulmana foi fundada há 84 anos, em 1928 por Hassan al Basa para   promover os valores islâmicos e combater o domínio  colonial britânico, foi reprimida, banida e proibida de exercer atividades políticas pela ditadura militar egípcia, exerceu e aumentou sua  influência por meio de uma extensa rede de ação social, que preencheu o vácuo deixado pela incompetência do Estado em prover serviços básicos, influenciou movimentos islamitas do  mundo inteiro, incluindo alguns dos mais radicais, como o Hamas e a Al Qaeda de Osama bin Laden, e teme-se que se  implante  no  Egito um regime fundamentalista islâmico nos moldes do Irã, apesar de adotar um tom moderado e conciliador. Com a chegada ao poder da Irmandade Muçulmana, grupo que inspirou o Hamas, há dúvidas sobre o futuro das relações diplomáticas entre Egito e  Israel, pois sob Hosni Mubarak ambos eram aliados e mantinham um tratado de paz. Depois de 30 anos ininterruptos do governo de Hosni  Mubarak, marcados por repressão, corrupção, pobreza, injustiças e miséria, a população egípcia decidiu sair as ruas e ocupar a Praça Tahir exigindo a saída de Hosni Mubarak, na Primavera Árabe, e depois de quase um ano e meio de luta, em que o antigo regime fez manobras políticas para permanecer no poder, incluindo o futebol, a população egípcia finalmente encontrou um oásis no meio do deserto.